Três comentários relativos ao autocolante do "Colectivo Feminista":
1.º) é triste que o aborto seja uma "luta" do feminismo;
2.º) é triste que o aborto seja analisado como uma questão religiosa (nomeadamente contra a Igreja Católica);
3.º) é triste que o homem fique tão denegrido nesta questão.
Um pensamento relativo ao autocolante do "Colectivo Feminista":
Um dos direitos por que as primeiras feministas lutaram foi o de puderem cuidar dos seus filhos dignamente, podendo assumir, numa plena participação da vida social, política e cultural, a sua condição de mulheres e mães, conjuntamente. ERA ESSE UM DOS SEUS GRANDES CAMPOS DE BATALHA! Isso é que é ou deveria ser o Feminismo: poder ser MULHER em sociedade, numa participação igual à dos homens, com todas as especificidades da MULHER, entre elas a de ter filhos DIGNAMENTE, de ser verdadeiramente apoiada, e não desfazendo-se deles para poder ser elemento cooperante na vida política, económica, intelectual, cultural, etc., de um país.
Disse Susan B. Anthony, mulher que lutou pelo direito de voto:
"mais doce do que a alegria de ter criado os meus próprios filhos, tem sido a alegria de ajudar as mães a melhorar as coisas em geral, a fim de que não sejam privadas da vontade de ter o filho que ainda não nasceu." (http://www.portinaoaborto.com/).
Neste momento, nem me posso afirmar de feminista, nem de machista. Luto por aquilo que acredito ser justo, digno e válido para todos os seres humanos, independentemente de serem homens e mulheres. Num caso apoiarei as razões de uns, noutros casos, apoiarei as razões de outros.
Então, mas há ou não injustiças para a mulher?
Há, muitas. Há muitas coisas que as mulheres têm ainda para "alcançar", uma delas é a ordenação (sacerdotal), que, no caso da Igreja Católica tem sido completamente desaprovada. Uma vez perguntei-me: caramba, por que é assim? Quando para mim esse é um direito, não por ser mulher, mas por se ter uma vocação, depois da luta de tantas mulheres, inclusivamente a de Edith Stein; por que continua a ser impedida? Ora, depois de pensar um pouco, veio-me à cabeça que um dos motivos pode até ser o do feminismo, desse feminismo radical... que impede o diálogo... como o do autocolante...
1 comentário:
"um dos motivos pode até ser o do feminismo, desse feminismo radical... que impede o diálogo... como o do autocolante..."
O feminismo é, cada dia mais, o evitável oposto do machismo. É uma acção de luta que tanto quer romper com a História que chega a querer esquecê-la, correndo o risco de repeti-la, ao contrário. É cada vez mais o desejo de errar comO o homem errou. Este referendo sobre o aborto é prova disso. Quer-se que legalmente que uma mulher possa fazer um aborto sem dar conhecimento ao cônjuge ou, caso seja menor, aos pais, e sem ter qualquer motivo para além da vontade. É disto que se trata.
Portanto, quanto ao autocolante, eu responderia desta forma: se deixassem os homens engravidar tanto quanto desejam e lhes é possível, o aborto seria tão actual como a escravatura.
(e não me refiro à escravatura ideológica, que prolifera, como se vê...)
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