A Amazónia encanta-nos com a sua biodiversidade, a sua imensa variedade de cores, formas e perfumes. É um recanto do nosso planeta onde a vida selvagem é predominante e a sua imensa mancha verde é fundamental para o equilíbrio de todo o ecossistema.
Nas frases anteriores, utilizamos os verbos no presente. Mas as fortes ameaças que pairam sobre a Amazónia fazem-nos temer que dentro de pouco tempo já não o possamos fazer e tenhamos que as escrever no pretérito.
Nas frases anteriores, utilizamos os verbos no presente. Mas as fortes ameaças que pairam sobre a Amazónia fazem-nos temer que dentro de pouco tempo já não o possamos fazer e tenhamos que as escrever no pretérito.
O abate da floresta amazónica tem adquirido proporções alarmantes. Os produtores de soja aliaram-se, recentemente, aos criadores de gado e aos madeireiros na luta pela posse da terra agravando ainda mais a destruição da floresta. Nos últimos 40 anos quase um quinto da floresta tropical amazónica desapareceu. Esta é uma área maior do que aquela que foi destruída durante os 450 anos anteriores, desde a colonização portuguesa.
“Tudo começa sempre com uma estrada. Se exceptuarmos um punhado de auto-estradas federais e estaduais, quase todas as estradas na Amazónia foram construídas sem licenças. Essas estradas representam uma distância superior a 169 mil quilómetros e, na maioria, foram construídas por madeireiros que pretendiam acesso ao mogno e a outras madeiras duras para o mercado exportador.
No Brasil, os acontecimentos desencadeados pela indústria madeireira são quase sempre mais destrutivos do que o próprio abate. Uma vez cortadas as árvores, os madeireiros prosseguem caminho, mas as estradas construídas servem para canalizar uma mistura explosiva de ocupantes de terra, especuladores, rancheiros, agricultores e mercenários armados. Os açambarcadores de terra seguem a estrada até às profundezas da floresta, até aí impenetrável e, depois, destroem grandes superfícies de modo a dar a impressão que a terra lhes pertence. O roubo de terras é cometido graças a tácticas de corrupção e intimidação e a títulos fraudulentos de posse de terra. Os brasileiros até já inventaram um nome para descrevê-lo: grilagem, derivado do insecto grilo. Aqueles que cometem esta prática são apelidados de grileiros, por se saber que fabricam títulos falsos de propriedade, envelhecendo-os em gavetas cheias de grilos esfomeados.”(National Geographic, edição portuguesa, Janeiro 2007)
Apesar desta situação, há esperança para a floresta da Amazónica. Pessoas e instituições movimentam recursos e sobretudo consciências. É uma tarefa gigantesca como a própria floresta, e os recursos humanos – aquelas e aqueles cuja consciência lhes exige uma atitude comprometida com a protecção do habitat natural a humanidade acabam por ser poucos perante a dimensão do trabalho que é necessário desenvolver para proteger a floresta tropical Amazónica. A activista ambientalista e freira de nacionalidade norte-americana Dorothy Stang foi assassinada em 2005, por atiradores mercenários pagos pelos grileiros. É um dos exemplos de entrega à Vida em favor de bem-estar comum. Uma entrega feita esperança que já vitimou mais de 800 pessoas nesta luta em favor da Terra.
Entretanto, o Governo do Brasil desencadeou um processo de controlo, suspendendo licenças de derrube de árvores, grande parte delas falsas. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e a polícia não têm mãos a medir desmantelando redes de traficantes de madeiras, encerrando serrações ilegais, apreendendo camiões carregados de madeira e aplicando multas a madeireiros. O IBAMA e a polícia intensificaram as investigações no negócio de madeiras com o objectivo de acabar com as irregularidades no sector. Vários batalhões de soldados foram enviados para Mato Grosso e Pará. Ultimamente várias centenas de pessoas foram detidas, algumas pertenciam ao próprio IBAMA implicados numa conspiração de grandes dimensões que vendiam para os EUA, Europa e Ásia milhões de metros cúbicos de madeiras duras de espécies em extinção.
O Governo brasileiro criou zonas de reserva com mais de 6,5 milhões de hectares de floresta, mas a devastação da Amazónia continua, os recursos recolhidos pela polícia são poucos frente a este gigantesco problema. Brevemente estabelecer-se-á a certificação electrónica das árvores abatidas com o objectivo de acabar com as fraudes. Também as novas tecnologias entram em acção com satélites e sensores à distância que ajudarão no policiamento no interior da amazónia.
A floresta tropical Amazónica é um património de todos nós, não pode ficar nas mãos de uns tantos gananciosos que têm como único objectivo ganhar dinheiro, sem nenhuma consciência ambiental. Salvar esta floresta também depende de nós, afinal precisamos dela para que a nossa casa, o planeta Terra, seja habitável, com um mínimo de qualidade de vida.
O gesto de esperança que poderemos ter em favor desta região e de tantas outras também em risco é o de cuidar os recursos que temos ao nosso dispor. Não é possível continuarmos a reivindicar melhor ambiente, modelos de vida mais saudáveis ou mesmo melhor saúde, sem que no quotidiano não sejamos verdadeiros «guardadores» da Natureza. Dela depende a vida... e é nos gestos mais comuns que poderemos ajudar a preservar o «berço» comum da Humanidade. E se não existem receitas únicas, sabemos contudo que é o excesso, de coisas e de gastos, que vai corroendo o «ventre» da Terra. E conhecemos sinais de esperança, que não nos deixam indiferentes: desde a reciclagem do lixo, em casa, ao não deitar fora comida que pode ser aquecida para numa segunda vez; do andar mais a pé ou mesmo e transportes ao não deixar a torneira aberta enquanto se escova os dentes; do aproveitar para um balde a água do chuveiro, aproveitando-a para outros fins, até à opção de apenas comprar electrodomésticos e lâmpadas de baixo consumo; assim como também ensinar as crianças a aproveitar a parte não escrita das folhas de papel ou mesmo a incutir-lhes o gosto por alimentos «menos plásticos»... São infindáveis as possibilidades que temos em iniciar um ciclo de esperança em favor da Terra e da Vida.
Por Grão de Mostarda
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