segunda-feira, 5 de maio de 2008

Portugal vale a pena

Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidadede recém-nascidos do mundo, melhor que a média da União Europeia. Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundialde tecnologia de transformadores (EFACEC). Mas onde também existe outra líder mundial na produção de feltrospara chapéus (Fepsa). Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos paratelemóveis e os vende para mais de meia centena de mercados (Ydreams). E que tem também outra empresa que concebeu um sistema através doqual pode escolher, pelo seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir,o filme que quer ver e a cadeira onde se quer sentar (Mobycomp). Eu conheço um país que inventou um sistema biométrico depagamentos nas bombas de gasolina e uma bilha de gás muito leve que jáganhou vários prémios internacionais (GALP). E que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial,onde se fazem operações que não é possível fazer na Alemanha,Inglaterra ou Estados Unidos (SIBS). Que fez mesmo uma revolução nosistema financeiro e tem as melhores agências bancárias da Europa(três bancos nos cinco primeiros) (BPI, BCP, Totta, BES, CGD). Eu conheço um país que está avançadíssimo na investigação da
produção de energia através das ondas do mar. E que tem uma empresaque analisa o ADN de plantas e animais e envia os resultados para osclientes de toda a Europa por via informática (Stab Vida). Eu conheço um país que tem um conjunto de empresas quedesenvolveram sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks,dirigidos a pequenas e médias empresas (Altitude Software, PrimaveraSoftware). Eu conheço um país que conta com várias empresas a trabalhar paraa NASA ou para outros clientes internacionais com o mesmo grau deexigência (Critical Software, Out Systems, WeDo). Ou que desenvolveuum sistema muito cómodo de passar nas portagens das auto-estradas(Brisa). Ou que vai lançar um medicamento anti-epiléptico no mercadomundial (Bial). Ou que é líder mundial na produção de rolhas decortiça (Grupo Amorim). Ou que produz um vinho que bateu em duasprovas vários dos melhores vinhos espanhóis (Quinta do Monte de Oiro). E que conta já com um núcleo de várias empresas a trabalhar para aAgência Espacial Europeia (Activespace Technologies, DeimosEngenharia, Lusospace, Skysoft, Space Services). Ou que inventou edesenvolveu o melhor sistema mundial de pagamentos de cartõespré-pagos para telemóveis (Portugal Telecom Inovação). E que está aconstruir ou já construiu um conjunto de projectos hoteleiros deexcelente qualidade um pouco por todo o mundo (Pestana, Vila Galé,Porto Bay, BES Turismo e Amorim Turismo).O leitor, possivelmente, não reconhece neste País aquele em que vive- Portugal.Mas é verdade. Tudo o que leu acima foi feito por empresas fundadaspor portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas porportugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos etrabalhadores portugueses.Chamam-se, por ordem, Efacec, Fepsa, Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS,BPI, BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida, Altitude Software, PrimaveraSoftware, Critical Software, Out Systems, WeDo, Brisa, Bial, Grupo
Amorim, Quinta do Monte de Oiro, Activespace Technologies, DeimosEngenharia, Lusospace, Skysoft, Space Services. E, obviamente,Portugal Telecom Inovação. Mas também dos grupos Pestana, Vila Galé,Porto Bay, BES Turismo e Amorim Turismo.E depois há ainda grandes empresas multinacionais instaladas no País,mas dirigidas por portugueses, trabalhando com técnicos portugueses,que há anos e anos obtêm grande sucesso junto das casas mãe, como aSiemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal, McDonalds (quedesenvolveu em Portugal um sistema em tempo real que permite saberquantas refeições e de que tipo são vendidas em cada estabelecimentoda cadeia norte-americana). Este o País em que também vivemos. É este o País de sucesso que convive com o País estatisticamentesempre na cauda da Europa, sempre com péssimos índices na educação, ecom problemas na saúde, no ambiente, etc. Mas nós só falamos do País que está mal. Daquele que nãoacompanhou o progresso. Do que se atrasou em relação à média europeia.Está na altura de olharmos para o que de muito bom temos feito. Denos orgulharmos disso. De mostrarmos ao mundo os nossos sucessos - enão invariavelmente o que não corre bem, acompanhado por umafotografia de uma velhinha vestida de preto, puxando pela arreata umburro que, por sua vez, puxa uma carroça cheia de palha. E aomostrarmos ao mundo os nossos sucessos, não só futebolísticos,colocamo-nos também na situação de levar muitos outros portugueses atentarem replicar o que de bom se tem feito.Porque, na verdade, se os maus exemplos são imitados, porque nãohão-de os bons serem também seguidos?Nicolau Santos, Director-adjunto do Jornal Expresso
In Revista Exportar

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