quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

"Cogito" II - A saúde, a ecologia e a ética na alimentação






A nossa Sociedade também se mede pelo modo como trata os seus animais. Tem dúvidas?

http://video.google.com/videoplay?docid=195777870900147944&q=Meet+Your+Meat

Conseguiu ver o filme até ao fim? Eu não. A violência e a barbárie são arrepiantes e causam indignação.

As imagens impressionantes e chocantes deste vídeo fazem-me pensar no modo como os animais são tratados na nossa Sociedade e como ela é, directa ou indirectamente, responsável pelo seu sofrimento. Assim sendo, são-me colocadas duas questões pertinentes:




1.ª) O que devemos fazer para minimizar o sofrimento dos animais?

2.ª) Deverei alterar os meus hábitos alimentares como meio de alterar essa situação?

À primeira questão existem várias e diversas respostas, consoante o tipo de violência exercida sobre os animais. Em muitos desses casos, são inevitáveis as intervenções dos Governos com aplicação da legislação que tantas vezes, infelizmente, se fica pela sua escrita no Código Penal.

Há violência exercida sobre os animais que considero, hoje, inaceitável. A manutenção de jardins zoológicos, em que os animais permanecem vivendo em jaulas, por isso, longe dos seus habitats naturais, é inaceitável. Concordo antes com as reservas de espaço aberto acessíveis aos cidadãos.

A manutenção de animais selvagens, tais como os grandes felinos ou os proboscídeos, em circos, pela obrigação a que são votados, é também inaceitável. O mesmo se diga das touradas, sobretudo as de morte, em que o sofrimento de um animal faz o lazer do Homem (fraca posição a do Governo do PSD que abriu precedências, em Portugal).

O abandono de animais domésticos, frequente no período estival não dá para entender.

E o que dizer da caça desportiva? Não precisamos de caçar para comer. Compreendo, porém, que nalguns casos, ela é necessária pelo número de certas espécies que, pela sua amplitude, pode causar uma destabilização dos ecossistemas (ainda que essa destabilização possa ter, na sua origem, mão humana).

A moda continua a recorrer ao bonito pêlo dos animais, quantas vezes submetidos a processos dolorosos de extracção das peles.

A criação intensiva de animais, por sua vez, coloca-se-me, ora como uma necessidade, pela necessidade de muito alimento de origem animal, ora como um desrespeito pela vida do animal, consideradas as condições em que os animais vivem.

Na verdade, quanto a este último ponto, e reportando-me à segunda questão, sou da opinião de que o cidadão comum conseguirá ter uma posição de intervenção directa na minimização do sofrimento dos animais pelas atitudes que tomar na sua alimentação.

Os maus-tratos a que muitos animais são sujeitos já me levaram a pensar em ser vegetariana. É verdade que os meus esforços pelo vegetarianismo se resumiram a algumas tentativas frustradas. Não obstante os princípios da saúde, da ecologia e da ética, continua a haver problemas ao optar por esse tipo de alimentação. A primeira é a de que não sei cozinhar comida vegetariana (nada que não aprendesse, diga-se em abono da verdade!); a segunda, de que os alimentos não são assim tão facilmente disponíveis; a terceira, de que, levada ao extremo, me levaria a não consumir sequer produtos lácteos, ovos ou peixe; a quarta, de que a produção intensiva de alimentos vegetais leva ao uso de trangénicos, quer para a produção em larga escala, quer para a conservação dos mesmos nos locais de venda e no transporte de longas distâncias, colocando em causa a sua qualidade, em detrimento da quantidade.

O que fazer, então?

Todos sabemos que a Sociedade consumista levou a uma alteração dos hábitos alimentares, perdendo, cada vez mais, exigência na qualidade alimentar. A população, recorrendo a uma alimentação desequilibrada, integra, na sua alimentação diária, a carne em excesso. Salvo raras excepções, o consumo de vegetais é diminuto. A cadeia Mc Donalds e a aceitação que a comida de plástico tem é exemplo disso.

A resposta ao desequilíbrio e ao sofrimento animal é, então, restaurar o equilíbrio perdido.

Uma das soluções, quer da que diminui o sofrimento dos animais, quer da que restaura a qualidade da alimentação é a agricultura biológica, que, mais do que qualquer outro tipo de produção, protege muito mais a Natureza, respeitando o seu ritmo natural, passo a redundância; e é muito mais saudável. Ao pensar nisto, não me consigo recordar de nenhum produto comprado por mim com o rótulo de produto biológico! A partir de hoje, estarei mais atenta às minhas compras, assim como predisposta a deixar sugestões (senão mesmo reclamações), nos supermercados, sobre a falta de zonas de alimentos de agricultura biológica e de contestar a falta de alimentos nacionais.

Em suma, há que procurar um equilíbrio que, não só restaure a qualidade alimentar, como proteja os animais da desumana garra do Homem. É a pensar nele que procurarei consumir alimentos da agricultura biológica, assim como investigar mais sobre a alimentação ovo-lacto-vegetarianismo… por razões de saúde, ecológicas e éticas.

Liliana F. Verde

1 comentário:

Anónimo disse...

ler todo o blog, muito bom