Somos Médicos, por isso Não
A sociedade portuguesa vive um período histórico assinalado por um debate de profundas consequências para o seu futuro. No coração desse debate encontra-se o cerne da própria Medicina. Este facto justifica que, quebrando o silêncio que habitualmente pauta a postura dos médicos em debates civilizacionais, venhamos a público para, porque médicos, tomar posição face ao que, de facto, está em causa no Referendo do próximo dia 11 de Fevereiro.
A sociedade portuguesa vive um período histórico assinalado por um debate de profundas consequências para o seu futuro. No coração desse debate encontra-se o cerne da própria Medicina. Este facto justifica que, quebrando o silêncio que habitualmente pauta a postura dos médicos em debates civilizacionais, venhamos a público para, porque médicos, tomar posição face ao que, de facto, está em causa no Referendo do próximo dia 11 de Fevereiro.
Para nós, médicos, é indiscutível quer a Vida, quer que nós existimos para servir a Vida. Nenhumas razões de ordem política, económica, ideológica, ou religiosa justificam que este fundamento da vida em sociedade e do exercício da Medicina seja posto em causa. A pergunta a referendar confronta-nos com a possibilidade de, no futuro, vermos a Medicina desvinculada da sua razão de ser.
A lei existente sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez já permite que esta seja uma opção em casos limite, como sejam o perigo de vida e o risco para a saúde física ou psíquica da mãe, a malformação do feto e a violação. O que agora se pergunta aos portugueses é algo muito diferente, é saber se um feto saudável pode ser abortado sem qualquer indicação clínica para isso, no contexto do Sistema Nacional de Saúde.
Como médicos, sabemos que a vida humana é um contínuo e que às 10 semanas de gravidez nada acontece que justifique a definição deste prazo.
Claramente, estamos em presença de um ser humano.
Como médicos, sabemos que as mulheres que recorrem ao aborto para solucionar situações adversas são muitas vezes vítimas de traumas que as marcam para o resto das suas vidas.
Claramente, para a mulher, o aborto é uma falsa solução.
Como médicos, sabemos que as questões de Saúde Pública a que se pretende responder com a liberalização do aborto não são, por este, efectivamente resolvidas. Em pleno século XXI, há alternativas a propor no campo da profilaxia social, do apoio à maternidade e do acompanhamento das grávidas em dificuldade.
Claramente, a sociedade tem de ser capaz de opções humanas.
Como médicos, sabemos que a escassez de recursos no Sistema Nacional de Saúde é um dos grandes problemas da sociedade actual e não compreendemos a prioridade dada ao aborto liberalizado na definição das políticas de saúde.
Claramente, o Sistema Nacional de Saúde deve participar na oferta de outras respostas.
Sabendo o que a Medicina nos ensina, vinculados eticamente ao juramento a que a história da Medicina nos vincula e vivendo o que a prática da Medicina nos permite viver, como médicos e porque médicos, entendemos ser nossa responsabilidade social, neste momento concreto da história de Portugal, apelar às portuguesas e aos portugueses, para que no próximo Referendo votem Não.
Votem Não, pela Vida.
Votem Não, pela Mulher.
Votem Não, pela Criança.
Votem Não, pela Saúde Pública.
Votem Não, por uma sociedade mais humana.
Sem comentários:
Enviar um comentário