Coloco, aqui, uma notícia que achei interessante. Não vou por golpes destes, mas estou certa de que nos deixará a reflectir...
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Investigação: Médica divulga estudo pioneiro
Às dez semanas o feto já sente dor”, defende Jerónima Teixeira, uma médica portuguesa residente no Reino Unido que desde há 14 anos se debruça sobre a vida intra-uterina.
A dúvida sobre se o feto sente ou não dor tem merecido a atenção e discussão dos especialistas ao longo dos tempos e, embora sejam muitas as teorias lançadas, só recentemente a ciência deu uma resposta concreta a esta questão, segundo a qual a existência de dor às 22 semanas de gestação é uma evidência. E antes? É a questão que se coloca a seguir. “A partir das cinco semanas há sensibilidade ao toque e fortes possibilidades de o feto sentir dor”, responde Jerónima Teixeira, cuja tese de doutoramento, efectuado no Imperial College, em Londres, teve como base a dor fetal.
Através deste trabalho pioneiro, com grande impacto científico a nível mundial, a especialista certificou-se de uma crença antiga: os fetos reagem à dor de forma semelhante aos adultos. “Não há um método único, universal e objectivo de medir a dor. O que sabemos é que quando um ser humano é sujeito a ela, há certas alterações fisiológicas no seu organismo”, explica. O aumento da frequência cardíaca, uma maior secreção das hormonas do stress e a redistribuição do fluxo sanguíneo são reacções possíveis à dor no adulto, assim como no feto. Com uma diferença: “No adulto o aumento da secreção das hormonas do stress é de 80 por cento, no feto é de 500 por cento”, adverte Jerónima Teixeira. “O estímulo tem potencialidade de causar mais dor no feto porque as suas fibras inibitórias da dor, que diminuem a actividade neuronal, estão numa fase de desenvolvimento precoce”, explica a especialista, que embora tenha testado a dor em fetos entre as 12 e as 16 semanas de gestação não tem dúvidas: “A dor aparece muito antes.” Fica por comprovar.
Católica praticante, no dia 11 Jerónima Teixeira não vota no referendo do aborto. Se o fizesse, assinalaria a sua cruz com firmeza no ‘não’. Indignada com a realidade britânica, onde o aborto legal tem disparado de ano para ano, afirma: “Tenho apreço pela mulher portuguesa. Com o suporte social a que tem direito e com a informação das opções disponíveis o aborto não será necessário.”
PERFIL
Jerónima Teixeira, 44 anos, nasceu em Castelo de Paiva. Licenciou-se em Medicina na Universidade do Porto e especializou-se em ginecologia e obstetrícia no Hospital de S. João, no Porto. Em 1993 partiu para o Reino Unido para fazer um doutoramento em Medicina Fetal no Imperial College, em Londres. Desde então, debruça-se sobre a vida intra-uterina e, juntamente com uma equipa de cientistas, tem sido responsável por conclusões cientificas pioneiras na área fetal.As suas contribuições científicas ao Mundo mereceram os aplausos do governo britânico, que por isso lhe concedeu a cidadania do país. Jerónima Teixeira cresceu sob ensinamentos cristãos. Católica praticante, assume-se seguidora dos ideais da Igreja Católica, facto que a coloca na linha da frente contra a prática do aborto.
Correio da Manhã, 2007-02-06
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