quinta-feira, 3 de maio de 2007

Cogito X - A consciência ecológica existe?

As gerações do século XXI são as que mais vão sofrer com os erros ambientais dos séculos passados (sim, que a grande poluição começou, no século XVIII, com a revolução industrial!), nomeadamente com a destruição da camada de ozono e com a destruição dos recursos hídricos e florestais.

A proliferação de doenças cancerígenas e respiratórias é já um alerta do ponto preocupante a que chegámos. Daqui a uns anos, os adultos sofrerão de patologias desconhecidas e raras, e os conflitos entre países pela posse de água serão uma realidade desconfortável, mas bem verdadeira.

A destruição do planeta e o consequente mal-estar das populações devia preocupar-nos, e devia, sobretudo, mover os Governos para políticas de preservação ambiental. E isso não preocupa as pessoas e os Governos? Não.

Senão vejamos. Nos últimos anos, com a destruição ambiental nasceram várias organizações não governamentais que vão lutando pela manutenção de espaços verdes e a preservação de espécies em vias de extinção, e que apelam, ainda, ao recurso de energias renováveis. Deste modo, grande parte do trabalho desenvolvido em prol do Ambiente é uma preocupação dominante de grupos singulares externos às entidades governamentais. Quem nunca ouviu falar do Greenpeace, da Oikos ou da Quercus?

Os Governos têm de ser as primeiras entidades a promover a consciência ecológica e a proporcionar às populações meios para a sua efectiva concretização.

Como é que é possível que um tratado como o de Quioto, que promove um maior controlo de emissões de gases poluentes, tivesse sido abandonado pelos Estados Unidos da América em 2001, e que Portugal não esteja a cumprir os compromissos, estando a emitir CO2 muito acima fixado para o país (dados revelados pelo presidente da Quercus, Hélder Spínola)?

Como é possível que a engenharia automóvel ainda não esteja suficientemente evoluída de modo a proporcionar a compra de automóveis ecológicos? Transportes híbridos ou a biodísel são ainda uma miragem, pois nem são práticos, dado que os postos de fornecimento de combustível/energia são esporádicos, nem são uma oferta diversificada (compensarão economicamente?).

Como é possível que todas as populações ainda não disponham de contentores de reciclagem? Vivo numa pequena aldeia a que tem sido negado este direito por causa do número de habitantes, o que não tem sequer lógica, pois outras zonas de menos habitantes (mas mais próximas da cidade!) têm contentores de reciclagem. Depois de ter pedido, por três vezes, esses contentores, foi-me enviada uma carta em que me foi comunicada a notícia de que está a ser estudada a possibilidade de instalação dos tais contentores apenas numa localidade. Mas, afinal, o que importa não são as pessoas? Já vi, nalguns países europeus, que com a entrega de embalagens para reciclagem, as pessoas recebem o seu equivalente numa quantia monetária. Em Portugal, estamos ainda muito longe disso…

Como é possível que paguemos uma taxa de reciclagem, por exemplo, de lâmpadas, e não haja onde as colocar?

Os dias sem carros são uma das maiores tretas que já vi, pois não são mais do que o circo para a gente se entreter. (A Câmara de Leiria é exímia nisso!) Ficaria feliz se se lutasse para que todos os dias fossem dias sem carros.

Choca-me que as crianças não sejam educadas a preservar o património ambiente, que é comum, que gastem água de qualquer maneira, que não reciclem, etc., etc., etc. E se as crianças não são ensinadas a isso, os que fazem, afinal, os adultos?

Como é possível que a Câmara de Lisboa apresente a requalificação do jardim do Campo Pequeno com o corte de 97 árvores e a plantação de outras no mesmíssimo local, gastando milhares de euros? Será que não há outros interesses por detrás da requalificação daquele espaço?

A protecção ambiental é um dever ético e civilizacional universal. Fico, de facto, triste que cada um não faça a sua parte ou que o apelo não passe mesmo pelos principais líderes religiosos mundiais. O bispo alemão Bernd Uhl sugeriu, aquando do seminário internacional sobre «Mudança climática e desenvolvimento», que o Papa Bento XVI dedicasse uma encíclica sobre questões ambientais e mudanças climáticas, podendo ser um meio de chamar ainda mais a atenção para medidas proteccionistas ambientais, afirmando que as mudanças climáticas "são um dos sinais dos tempos que afectam a Igreja Católica como organização global". Li, porém, pelas notícias Zenit, que no seminário internacional no Vaticano, as mudanças climáticas foram reconhecidas, mas foi rejeitado o “catastrofismo”.

O cardeal Martino disse e muito bem que «o homem não tem um direito absoluto sobre ela [Natureza], ainda que sim um mandato de conservação e desenvolvimento em uma lógica de destino universal dos bens da terra, que é um dos princípios fundamentais da Doutrina Social da Igreja, princípio que é preciso compaginar sobretudo com a opção preferencial pelos pobres e pelo desenvolvimento dos países pobres». Se assim é, de que estamos à espera? Com “catastrofismo” ou sem ele está na hora de agir e de encontrar os meios mais humanos de protecção ambiental, mantendo, assim, a dignidade do Ser Humano. À pergunta “A consciência ecológica existe?”, a resposta, infelizmente, é ainda esta: a consciência ecológica não existe.

Será que vamos todos deixar para mais tarde (ou tarde demais) o que é nossa obrigação fazer hoje?

Sítios interessantes sobre a protecção ambiental:

Carbono zero - http://www.carbono-zero.com/
Ecocasa - http://www.ecocasa.org/index2.php
Fóssil Free - http://fossilfree.com/
Greenpeace - http://www.greenpeace.org.br/
Instituto dos Resíduos - http://www.inresiduos.pt/portal/page?_pageid=33,1&_dad=portal&_schema=PORTAL
Liga para a protecção da Natureza - http://www.lpn.pt/#0-PT
Naturlink - http://www.naturlink.pt/
Deboleia.com - http://www.deboleia.com/
Oikos - http://www.oikosambiente.com/
Portal Ambiforum - http://www.ambiforum.online.pt/home.htm
Quercus - http://www.quercus.pt/scid/webquercus/
Recycler’s World - http://www.recycle.net/
Sociedade Ponto Verde - http://www.pontoverde.pt/
Valorlis - http://www.valorlis.pt/valorlis.htm

6 comentários:

Liliana F. Verde disse...

Este texto ainda não está acabado... Os problemas técnicos subsistem...

Ka disse...

Olá Liliana,

quando puderes passa lá no meu blog, tens um prémio :)

PS - E então o desafio? Vai ou não vai?

Liliana F. Verde disse...

Obrigada pelo prémio.

O desafio vai-se fazer depois da semana de trabalho acabar. O pior vai ser publicá-lo. lol

Bj

Liliana F. Verde disse...

O cogito X já pode ser lido. Já está, finalmente, todo aqui.

GP disse...

Estou a cem por cento consigo. Já em Janeiro publiquei no meu blog o escândalo de a electricidade ter um IVA de 7% e a biomassa 21%. Em Março também falei da minha "guerra" com a Câmara de Matosinhos por não haver parques de estacionamento para se poder utilizar o metro.
Nas aulas fico com a cara no chão quando analiso gráficos comparativos do aproveitamento da energia solar em vários países. Países nódicos com taxas altíssimas e Portugal, que tem sol 300 dias por ano... nada.
Vamos lutando. Vamos ensinando os que fazem parte do nosso metro quadrado. As sementes que formos lançando podem frutificar.
Oxalá!

Liliana F. Verde disse...

Olá, CP!

Deixou um comentário no meu blogue acerca do meu "Cogito" X.

Relativamente ao que disse, "Nas aulas fico com a cara no chão quando analiso gráficos comparativos do aproveitamento da energia solar em vários países. Países nórdicos com taxas altíssimas e Portugal, que tem sol 300 dias por ano... nada.", estive na Finlândia há um tempo e quando dizia que Portugal, de toda a sua energia, apenas tem 5% de energia solar... ficavam parvos...