
Considero boas abordagens e boas políticas educativas as que se inserem dentro destes moldes:
- reorganização dos ciclos do ensino,
- obrigatoriedade do pré-escolar,
- aumento da escolaridade obrigatória até ao 12.º ano.
Ao contrário da existência de três ciclos preparatórios, julgo mais acertada a existência de dois ciclos, o primeiro do 1.º ao 6.º ano, e o segundo do 7.º ao 9.º ano. O desenvolvimento da criança é mais harmonioso se contarmos que a adolescência é um período marcadamente diferente ao nível físico, psíquico, intelectual e social. Assim sendo, o indicado seria uma reorganização dos ciclos e dos espaços escolares de modo a que as crianças dos 6 aos 12 anos, sensivelmente, pudessem partilhar os mesmos espaços educativos.
A obrigatoriedade do pré-escolar é uma excelente medida de política educativa. Ainda não percebi por que não é obrigatória a frequência de, pelo menos, um ano desta "escolaridade".
Apesar de nem todos serem da mesma opinião, e, de certeza absoluta que há imensas discordâncias neste ponto, sou pelo alargamento da escolaridade obrigatória até ao 12.º ano. O que pode ser discutível, e é-o, é o tipo de ensino ministrado, que deverá ser mais amplo, quero dizer, com tendência para a especialização e formação (profissional). Se possível, este último já com bases do Ensino Básico, quiçá, em disciplinas opcionais (outra medida ainda a léguas do Ensino em Portugal...).
Estas três medidas requerem, apesar de tudo, um ensino que:
- seja mais personalizado e centrado na pessoa,
- uma maior participação e formação dos Pais/Encarregados de Educação,
- (tendência para) a autonomia das Escolas.
Discordo, porém, no que se refere à antecipação da idade para a entrada na escola, subentenda-se 1.º ciclo. Acho muito mais correcta a entrada das crianças no 1.º ciclo com 7 anos, pois o desenvolvimento e maturidade é muito diferente. Mas até isso depende de cada criança, em particular. O ensino personalizado, ao contrário do ensino massificado (o que temos!), privilegiaria cada criança no seu percurso individual de aprendizagem/desenvolvimento e esta discussão em torno da idade deixaria até de ser relevante.
A fusão dos dois primeiros ciclos do Ensino Básico num só ciclo, nos primeiros seis anos, tendo as crianças apenas um professor é errada, pelo simples argumento de que a monodocência é um erro e uma barbaridade terrível. É impressionante como ainda ninguém deu por isso (à excepção da Escola da Ponte!).
4 comentários:
Liliana
Enquanto o ensino superior não assumir a seriação dos seus alunos através de provas elaboradas de acordo com o que cada instituição do ensino superior pretende para os seus alunos, os 10º, 11º e, principalmente, o 12º anos mais não são do que a preparação para os exames de acesso. Por isso o alargamento da escolaridade até ao 12º, para mim, não faz grande sentido. A inflação das avaliações depende exactamente disso. Mas os professores do superior preferem não ter trabalho e utilizar os elementos do secundário.
Isto precisava de muito tempo para ficar suficientemente claro e completo.
Um beijo
GP,
A questão da avaliação dos alunos é uma questão interessante e difícil ao mesmo tempo. A proposta que apresentas é, de facto, boa. Ela é, aliás, já usada há muito tempo por Universidades Inglesas e Americanas (e não só). Nunca pensei muito nisso, mas não deixas de ter razão. Obrigada pelo comentário.
A nosso ver, as alterações administrativas, dentro e fora da escola, nada melhorarão, enquanto ficam por resolver os problemas de fundo.
Assim, divulgue-se a seguinte
***Carta aberta ao País***
O País está em crise educativa generalizada, resultado das políticas governamentais dos últimos 20 anos, que empreenderam experiências pedagógicas malparadas na nossa Escola. Com efeito, 80% dos nossos alunos abandonam a Escola ou recebem notas negativas nos Exames Nacionais de Português e Matemática. Disto, os culpados são os educadores oficiosos que promoveram políticas educativas desastrosas, e não os alunos e professores. Os problemas da Educação não se prendem com os conteúdos programáticos ou com o desempenho dos professores, mas sim com as bases metódicas cientificamente inválidas.
Ora, devemos olhar para o nosso Ensino na sua íntegra, e não apenas para assuntos pontuais, para podermos perceber o que se passa. Os problemas começam logo no ensino primário, e é por ai que devemos começar a reconstruir a nossa Escola. Uma análise, publicada em http://educacao-em-portugal.blogspot.com, identifica as principais razões da crise educativa e indica o caminho de saída. Em poucas palavras, é necessário fazer duas coisas: repor o método fonético (sintético) no ensino de leitura e repor os exercícios de desenvolvimento da memória nos currículos de todas as disciplinas escolares. Resolvidos os problemas metódicos, muitos dos outros, com o tempo, desaparecerão. No seu estado corrente, o Ensino apenas reproduz a Ignorância, numa escala alargada.
Exigimos uma acção urgente e empenhada do Governo, para salvar o pouco que ainda pode ser salvo.
Sr.(a) Leitor(a), p.f. mande uma cópia ao M.E.
email: gme@me.gov.pt, se.adj-educacao@me.gov.pt, se.educacao@me.gov.pt
José Carrancudo,
Obrigada pela sua visita ao meu blogue e por ter feito um "link" deste "post".
O aspecto que foca é apenas um dos muitos aspectos em que a nossa educação se deteriorou, passo a citar, a aprendizagem básica da leitura/escrita e da matemática. Terá de dar-me algum tempo para pensar, comentar e expressar a minha opinião acerca dos pontos por si citados.
Cumprimentos,
Liliana
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