sábado, 6 de janeiro de 2007

Ler

"O Plano Nacional de Leitura", por Armanda Zenhas| 2006-12-06

"De pequenino se torce o pepino", provérbio verdadeiro em tantas situações da vida, é-o com grande pertinência na aprendizagem da leitura, que pode ser preparada (quase) desde o nascimento.



Os níveis de literacia em Portugal são preocupantemente baixos, como têm vindo a demonstrar diversos estudos internacionais. Muitos alunos concluem o Ensino Básico sem dominarem a leitura de forma a poderem utilizá-la de maneira funcional no seu dia-a-dia e na sua vida profissional. Aprende-se a ler lendo. E lê-se mais se se gosta de ler. Por outro lado, a leitura só pode ser agradável quando se consegue ler fluentemente e se compreende o que se lê.

Não adaptaria por completo o provérbio "Burro velho não aprende línguas" à leitura, mas é verdade que a idade adequada para aprender a ler é a que corresponde ao início do 1.º ciclo de Ensino Básico e que iniciar essa aprendizagem na idade adulta é uma tarefa bem mais difícil e menos eficaz do que aos seis anos. "De pequenino se torce o pepino", provérbio verdadeiro em tantas situações da vida, é-o com grande pertinência na aprendizagem da leitura, que pode ser preparada (quase) desde o nascimento. O contacto com textos orais (contos, provérbios, adivinhas, lengalengas) e livros prepara a criança para aprender a ler, despertando nela a curiosidade e o gosto pela leitura, a familiaridade com as letras e o texto escrito.

Em Junho de 2006, foi lançado, em Portugal, o Plano Nacional de Leitura, da responsabilidade do Ministério da Educação, em articulação com o Ministério da Cultura e o gabinete do Ministro dos Assuntos Parlamentares. O seu objectivo principal é promover o prazer de ler e a criação de hábitos de leitura nas crianças e nos jovens, desenvolvendo actividades regulares de leitura por prazer nas escolas, tanto nas salas de aula como nas bibliotecas. Pretendendo-se um contacto precoce com os livros, o programa dirige-se especialmente aos alunos do ensino pré-escolar e dos 1.º e 2.º ciclos do Ensino Básico.

Para se criar hábitos de leitura, é necessário criar simultaneamente o gosto por ela. Daí que me pareça muito importante esta promoção da leitura por prazer e a concretização de actividades no seu âmbito diariamente, tanto nos jardins-de-infância como nas escolas do 1.º ciclo. Já no 2.º ciclo, a frequência prevista é semanal, com a dedicação a elas de um bloco de 45 minutos na disciplina de Língua Portuguesa.

Existe um site do Plano Nacional de Leitura (http://www.planonacionaldeleitura.gov.pt/), com informação importante para a sua implementação. Aí encontramos expressos os motivos que justificaram a criação deste Plano, os seus objectivos, as suas linhas de estratégia, o público-alvo e as áreas e fases de intervenção. São divulgadas listas de livros adequados aos diversos níveis etários abrangidos. Há sugestões de actividades para serem desenvolvidas nas escolas e na família. Com efeito, o Plano Nacional de Leitura prevê a promoção da leitura nas escolas, em contexto familiar e nas bibliotecas públicas. Recomendo vivamente uma consulta a este site, no caso de pretender aprofundar o tema tratado neste artigo.

A formação de professores e outros profissionais prevista no Plano Nacional de Leitura é um passo indispensável para serem alcançados os objectivos definidos. O site constitui um instrumento de apoio muito útil para o trabalho quotidiano.

Outra importante vertente do Plano Nacional de Leitura é a criação de um ambiente social favorável à leitura. Estando esta tão arredada dos hábitos dos portugueses e constituindo a família um importante modelo para a criança, determinante no desenvolvimento de gostos e de hábitos, a intervenção dos meios de comunicação social seria fundamental. Para já, ainda não me apercebi de iniciativas neste âmbito. Torço para que elas surjam e contribuam para influenciar positivamente a valorização social da leitura e a promoção de hábitos nesse domínio.

Este Plano está a dar os primeiros passos. Aguardo, com expectativas positivas, o seu desenrolar. Considero muito importante a implementação de todas as vertentes definidas, pois o desenvolvimento de hábitos de leitura carece de uma intervenção concertada da escola, da família e de outros contextos sociais e culturais, como as bibliotecas e os meios de comunicação social.




Congratulo os Ministérios da Educação e da Cultura pelo projecto em curso. Enviei uma mensagem de correio electrónica para o site do "Plano Nacional de Leitura" (pode ver, aqui, em "Sítios interessantes"), sugerindo:

1) a abertura das bibliotecas públicas, pelo menos 12 horas, de segunda a sábado;

2)a possibilidade de requisição de jogos de lógica, nas bibliotecas públicas.

Quanto ao primeiro ponto, julgo que ele é essencial para o acesso de todos, trabalhadores, estudantes, etc., à leitura.

Não deixemos de mandar as nossas sugestões.

Boa Leitura!

1 comentário:

Liliana F. Verde disse...

Mensagem recebida:

Ex.ma Senhora

Agradecemos a sugestão, que iremos de imediato transmitir ao Instituto Português do Livro e das Bibliotecas.

Com os melhores cumprimentos,

Manuela Micaelo