Não sou feminista, mas sim feminina. Talvez seja uma boa nota prévia ao artigo que se segue. Tenho todo o orgulho em ser mulher e talvez por isso mesmo me indigne quando são aprovadas medidas de chamada “discriminação positiva”, onde a parte de discriminação é de facto visível, faltando apenas descobrir qual o lado positivo da mesma…
Não posso aceitar quando determinado cargo ou posição não é dado de acordo com critérios de mérito e trabalho, pelo que muito me custa ver isso traduzido na legislação sobre paridade aprovada na passada semana. Só faltava que quando uma mulher, num debate político, exprimisse a sua opinião de igual para igual, aparecesse uma nota de rodapé relembrando que a oradora pertence ao sexo feminino…
A mulher ganhou, desde a passada Quinta-feira, o mesmo estatuto que muitos dirigentes das juventudes partidárias usam para entrar nos mais altos órgãos dos partidos: serem uma imposição de uma quota, de uma percentagem. Quer numa situação quer noutra, acho que a meritocracia deve ser o critério e não qualquer outro apanágio. Com esta nova situação, qualquer mulher que seja incluída numa lista, poderá desde logo questionar-se se está presente porque é tida como válida ou se o é apenas por necessidade de respeitar uma percentagem e ficará como uma linda decoração na prateleira. Considero que nós, mulheres temos exactamente as mesmas capacidades para nos impormos pelo trabalho e não precisamos que imponham a nossa presença. Respeitadas sim, inferiorizadas não, obrigação nunca!
Por mais politicamente incorrecto que seja afirmá-lo, considero que muita da culpa do número tão reduzido de mulheres na política está nas nossas próprias atitudes. Muitos dos obstáculos que se pensa que uma mulher no mundo político tem de enfrentar, não passam de Adamastores. Nunca senti que uma opinião minha fosse mais aplaudida ou apupada por ser mulher; as dificuldades que senti sempre se prenderam com as mudanças que defendo para credibilizar a nossa política, mas isso ficará para outro artigo…
Na nossa região, de cariz conservador, não serão certamente estas inovações legislativas que imporão as alterações que por ventura sejam necessárias. Serão antes as atitudes que homens e mulheres tiverem no exercício das suas funções e na seriedade, cada vez mais exigível, com que se apresentarem ás eleições. Porque igualdade é exactamente o respeito pelas diferenças e um esforço de todos para que não se traduzam em desigualdades.
Por Ana Soares, aqui.
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